sábado, 26 de maio de 2012

Sentidos


Para minhas mãos, quando te tocarem

tenham suavidade e doce apascentar

por transparentes cavidades de teu corpo

encontrem deleites sem limites e densidades



Para meu olhos, quando te verem

te desnudem sem pressa ou amargura

e nem tenham o adiantado das horas

– Só a infinitude do eterno contemplar



Para meu ouvidos, quando te ouvirem

apreendam a leve cadência do teu cantar

e processem em nova forma de esperança

o que de tua alma orvalhada se desprender



Para minhas narinas, quando te inalarem

captem de ti suaves fragrâncias de sereno

florestas lunares e raízes além do tempo

absorvendo no sentido teu sentido de existir


Para meus lábios, quando teus lábios beijarem

sejam beijos feitos do mais puro riso louco

de estrelas cadentes e encanto da madrugada

de sede de saliva e de etérea paixão rendida



Para meus sentidos, quando teus sentidos sentir

saibam estar presentes ali, bem perto, junto de ti

no encontro final de almas que sabem agora

o que querem dizer os poetas afinal – Amor...

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