Por caminhos líquidos me criei
em ondas azuis e esteira de espumas
Por oceanos bravios a desafiar
os atos do destino e o eterno navegar
Na escola naval eu me formei
– não sem sofrimentos ou agruras
– não sem dores n'alma a cortar
na virtude da paciência e do esperar
No singrar dos mares foi que resgatei
em meio a tempestades e amarguras
minh'alma sofrida quase a naufragar
cansada de batalhas e de tanto lutar
Foi no cristalino luar que consagrei
a essência dos sons e das pinturas
em palheta de cores e roda de fiar
tecendo teu rosto, tua boca – a provocar!
Na noite marinha enfim sonhei
com teu corpo deitado em partituras
tua boca na minha a despertar
desejos de maré e permanente ficar
Sonhei? Nunca mais quero acordar...
(R. Moran)
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