Talvez seja isto que falte. Uma música, um vinho, um cigarro, um amor de verdade e não um amor pelas metades egoísta e covarde. Tudo o que há agora é este calor abafado e o silêncio da madrugada. Luz branca, artificial. Tela do computador, imóvel e indiferente. O mesmo discurso de outros tempos; outros lugares. A mesma sensação de sempre. Um eterno inconformismo que vai se cansando e, aos poucos, transformando-se em tédio. Aquele sono acordado sem vontade de dormir – um torpor permanente, eterno. Em mais uma noite dessas eu penso. Lembro. Faço uma retrospectiva analítica da minha vida. Construo possibilidades mentais que nunca se realizarão. Volto a fita e vou para o outro lado da encruzilhada há quatro anos atrás. Tenho a esperança de que assim eu não acabe perdido sozinho no meio de uma grande metrópole suja e abafada. Sem ninguém. Filmes velhos na tv. A tela do computador indiferente, há anos nos mesmos sites. Eu, há anos no mesmo ciclo. Tenho impressão de que as palavras já foram repetidas à exaustão. Agora só o silêncio faz sentido. Buscar a resposta no nada, no branco, no vazio. É o que resta quando tudo não bastou.
Autor desconhecido
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