sexta-feira, 25 de maio de 2012

No ponto


Quando a falta fica liquida demais,
só o amor pra cuidar muito bem da gente.

E eu acho que ele gosta de cuidar assim:
com o seu tempo indeterminado,
de um jeito i n s u b o r d i n a d o.

Dando cor aos nossos lábios,
calçando futuros com novos passos,
amaciando o beijo e o traço.

Muitas vezes indo sem horizontes,
sem levar destroços, o amor é pra quem
sabe caber em qualquer um....

E a gente começa a querer falar a língua dos
desentendidos, deixando o abraço desacreditado
só pra repor o beijo depois.

É que o amor vive mesmo dessas incertezas
e liberdades. Vive do que ainda não poetizamos:

Só estamos preparados pro amor quando
não nos sabemos prontos.

Porque é ele quem nos deixa no ponto.

Priscila Rôde

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