Este será um dia de loucura ou de sanidade? Um dia para pegar um ônibus sem destino certo. Para abolir qualquer relógio, inclusive o relógio-ponto. Para dizer "eu te amo" para aquela pessoa que você adora secretamente, mas teme que o rejeite... Para fazer de conta que não existe cobrança, culpa ou medo, em nenhuma forma de manifestação. Para não ouvir a voz de um falso Deus que lhe foi imposto e para contestar as questionáveis leis dos homens. Para reconhecer que você está cansado de ser politicamente correto, exímio trabalhador, pai ou mãe exemplar, cidadão ou cidadã de ficha limpa. Para dizer um basta, em alto e bom som às pessoas e situações que, por anos a fio, estão te cerceando. Para não pensar nas contas no fim do mês e nem nos malabarismos que você faz para prover e pagar. Para lembrar que há muito tempo você não faz nada que lhe dá prazer, não porque não queira, mas porque, muito mais alto, lhe fala o dever. Para perceber que sua lenda pessoal é incompatível com os compromissos assumidos e que você não poderá segui-la sem que outros venham a sofrer. E se você fizer tudo isto, por certo vão lhe taxar de louco, mas antes que você enlouqueça de vez, permita-se um dia de trégua. Feche para balanço, passe sua vida a limpo. Jogue fora, dos arquivos e dos armários internos, tudo que você puder jogar. Esvazie-se, solte-se, aquiete-se e creia... É neste exato momento que a suprema força do universo poderá lhe ajudar.
Texto de Fátima Irene Pinto
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