domingo, 13 de maio de 2012

Cuidando de mim


Não me aprisione, não guarde meus braços onde eu não possa alcançar, não quero uma
Prisão
Um lugar invertido
Não quero um caos de indecisões
Solte minhas mãos, solte-me... já aprendi a andar, e já arrisco a voar.
Não imagine que estarei sempre contando as horas e soprando no vento.
Nunca pisei nos rastros dos outros, porque quero meus próprios rastros.
Não pretendo parar, não se anteponha a minha frente, não se pode conter as ondas turbulentas que escapam dos mares, não tente me conter...
Apenas acompanhe, observe, como sei sair sozinha, como sei debochar sozinha, de todas as prisões que tentam me jogar.
Eu sei, sou ultrapassada para esta época, mas quem disse que quero acompanhar o tempo, muito mais que isso, quero vive-lo...solte minhas mãos, eu sei andar, observe como isso acontece, você se espantará, quando me ver caminhar. Engana-se com minha garra, com minha capacidade. Solte meus braços, sei lança-los adiante do que quero.
Não me aponte as estradas, isso me irrita, sou tão ignorante quanto petulante. Agressiva, enjoativa... e tantos outros jeitos de ser quando quero fazer tudo ao meu modo, não me sufoque, quero respirar por mim mesma, quero fazer o que sei, dispenso os manuais de instruções, na verdade odeio manuais de instruções.
Sei como andar, sei como cair... observe, agora, como sei levantar, observe minha facilidade... não tome meus sonhos, não tome meu ar.... posso ser os acúleos das rosas, ou a própria rosa, depende de como você me toca.... e do espaço que me sede.
Se me empurrar, veja só, observe em câmera lenta, como sei levantar, sou feita de muitas quedas, e em todas elas tenho o ponto exato do equilíbrio.
Não aprisione meus desejos e anseios, vou pega-los caso os roube de mim, não estou tratando de acordos, jamais faço acordos, meu único acordo sou eu...
Não... não mesmo fico quieta, faço barulho e muito, tente me deter, tente intervir e bloquear a estrada que estou passando, de brisa a tornado, sou tudo e mais um pouco, não pise na arena se não conhece as regras, não jogue com as táticas absurdas das guerras.
Mas com tudo isso, sei me levantar, observe apenas e se assuste... depois que me ergo não posso parar, e é melhor não estar em meu caminho quando erguer meu olhar.
Mas entenda, só quero cuidar de mim, antes que os estilhaços se espalhem e me seja impossível juntar todas as partes.

Cristina Lira 

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