sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ao tocar uma canção ao vento.


"Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo - deixa o vento soprar, let it be..."


Gosto do vento como gosto de música
E a cada toque, agudo ou grave,
Sinto liberdade de uma criança que se aproxima
lentamente, e é levada no colo.
Vento, traz e leva, leva e traz, eu fico...
Fico a imaginar o que foi que ele levou, porque eu fiquei,
balancei como um coqueiro alto, em estado de reverência,
E prostrei-me de encanto pelo dom de aqui estar 
Quis sorrir, recuei-me, 
mas o vento enfim trouxe a alegria engasgada na garganta, presa em definições.
A melodia permaneceu nos pássaros ostentados 
da possível liberdade que os deram de não serem livres.
Fadados a um canto sempre alegre,
Mas os pássaros são mais sábios, 
não param de cantar por não serem ouvidos.
Eles cantam por essência.
E meu canto é desacostumado a letras e obrigações.
Eles só sabem que cantam e o porquê já lhes é demais,
e eu aprendi que sou livre, inclusive de definições quanto à liberdade.
Por que minha fome não é de liberdade, é de vida.
E enquanto vivo, só quero liberdade se for despercebida, 
como o vento que bagunça meus cabelos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário