quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Devaneios...


Espera, deixa eu pensar .. deixa eu conversar comigo para que eu entenda o porquê de eu, ainda, sempre tremer quando ouço falarem em nós. Aliás, em você. Essa minha mania de nunca separar as coisas nossas .. não, não são mais nossas! Agora são as suas coisas, e as minhas coisas. Nossa!

Por vezes eu me atrapalho em qual é a minha escova e a sua. Gosto mais da sua. Preciso agora acostumar-me com a minha. Preciso aprender. Você um dia me disse "aprende, aprende que é mais fácil". Pois é. Quero aprender!

É ruim ter de arrumar apenas um prato na mesa. O outro fica lá, [in]quieto, dá impressão que quer vir. Mas ele não tem que querer, não é? Não é mais nosso.

Espera. Não me ouça. Eu não quero que você saiba que eu sinto falta de mim perto de você. Eu não quero que você se lembre que eu, ainda, não esqueci os nossos tantos "em comuns". Eu não quero. Eu não posso querer. Você um dia me disse: "Nem sempre se pode o que se quer". Pois bem, eu não posso querer!

Saia daqui. Saia e me deixe. Não, não me leve mais. Não me deixe ter segurança do seu lado. Eu preciso aprender a andar sozinha, mesmo que seja naquela corda bamba que minha mão insiste em ser segurada pela sua. Ela não vai mais achar a sua, por isso ela precisa aprender o equilíbrio. Ela tem que ir só. Você já me disse: "Todo mundo é sempre só". Pois bem, tenho que me acostumar.

Leve você daqui. Leve seu lençol quadriculado que muda de cor de acordo com os nossos [que não são mais nossos, puxa!] sonhos. Leve-o. Lave-o. Apague dele o nosso cheiro. Você um dia me disse: "O que os olhos não cheiram, os cheiros não sentem" , não foi bem assim, mas eu entendi.

Limpe a casa. Limpe a bagunça que eu sempre deixo quando chego do trabalho correndo para tomar banho na mesma hora em que você. Eu não preciso mais esquecer a minha toalha. A sua não vai estar lá para ser dividida e ser unicamente nossa. Você um dia me disse: "É melhor agora que ainda tá cedo". Pois é, ainda dá tempo pegar a minha toalha.

Desliga o som. Desliga a minha voz mais alta que ele. Desliga esse tom desafinado que no fundo é bem gostoso por ser nosso. Desliga. Você um dia me disse: [silêncio].

Rasga essa página que não tinha intenção de ser rascunho. Rasga e joga fora, queime, faça o que achar melhor, sei lá! Mas tire ela da contra-capa, esse livro não precisa ter folha de rosto, não precisa mais nem de capa. Não há livro sem nossas letras. Não há de haver. Você já me disse: "Pode não dar tempo passar a limpo". Pois é, não deu!

Espera. Eu queria conversar comigo e acabei conversando com você, sobre nós. Outra vez?

Até quando? Por quanto tempo você vai insistir em permancer aqui pra sempre?

Dorme vai, vira para lá. Descobre teu lençol de cima de mim, e descruza os teus pés dos meus.

Vê se acorda antes de mim e não esquece de fechar a porta do quarto quando sair.

Eu quero esquecer, um pouco mais, que eu AINDA não aprendi!


*ah, e vê se troca o número do celular também!

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