terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sonhos de Borboletas:

Acordou com a voz da secretária eletrônica dizendo que ela tinha um recado e correu pra atender, mas não deu tempo. Ela não sabia de quem era, mas fez rir puro e verdadeiramente. Aquele elogio a fez bem, causou alvoroço por causa de tanto enigma no ar. Mas era consciência, amadurecimento. De não alimentar mais sentimento por quem não merece, de não querer recomeçar nada. Ela não queria mais reclamar, xingar, odiar e nem nada; simplesmente porque não ligava. Era um suave desapego, mantendo apenas a importância de quem se importa com ela. O ontem acabou, amanheceu e junto levou a nostalgia. Hoje é um dia diferente, ela crê. O sentimentalismo acabou e a vontade de se doar foi também. Essa mulher, que todos pensam ser menina, acordou tão de bem com tudo, alguns achando que era outra pessoa que causava tantos risos aleatórios no dia.. Mas tinha nada, não dava em nada. Não era o mundo que a fazia rir assim, às vezes era o corte de cabelo meticulosamente escolhido por ela. Ela agora ela toda dela. Há mais tempo aí fora irreversível, há mais cinzas que vão vir de tudo o que verá se transformando em pó. Mas aprendeu que um dia renasce, um dia isso tudo vira algo positivo e o nome disso é tempo. Pessoas te encantam, atitudes te cativam e silêncios, estes te apaixonam. Começou a ver que viver é essa arte abstrata, que tem que se adivinhar o que a vida quer antes mesmo dela pedir. Essa mulher desistiu de tudo que era falso, esqueceu todos os pseudo-relacionamentos, se livrou das projeções da cabeça de conhecer alguém de fato. Isso não existe, nunca existiu. Agente se pega indo embora antes do afeto, antes de pertencer a algo. Vendo aquelas pedras, aquele mar e aquele tudo, viu que não se conhece mesmo ninguém. Se não sabia o rumo de uma pedra, que não via virar areia, o que dirá das pessoas? Perdemos a parte em que alguém se lava, diminui e de pedra, vira um grãozinho de areia. O risinho de quem se conhece, era aquele que ela sentia por ter entendido mais uma vez, que nada volta, que nada a pertence e que nada conhece. E esse nada provocava um riso tão consciente de si.

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