segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Metade dela é ele. E metade de mim também.


Sou dele.
Porque ele me aguenta.
Me carrega.
Rega.
Reza.
Enxuga as lágrimas descabidas.
Porque as roupas já não cabem em mim.
Sou toda dele porque nesse estado em que estou,
só dele eu poderia ser.
Escolhi.
Para viver ao lado meu.
O que há de mais íntimo entre dois.
Um filho.
Afeto.
Um amor que de tão enorme,
faz nos pequenos outra vez.
Seres cheios de dúvidas e receios.
Em 9 meses de preparo.
Regados a sustos, surpresas, sorrisos, bravezas.
Nada é fácil.
Fazer filhos não seria. Parecia.
Não para mim.
Natural.
E é por isso que sou dele.
Porque apesar de achar o contrário.
De gritar o contrário.
De ser exatamente o oposto do que meus olhos enxergavam.
Era ele que estava muito mais bem preparado para ser pai.
E embalar-me quando foi preciso.
Tirar sarro do meu umbigo.
Deixar-me só.
Comigo. Um tempo. Lamentos.
Enquanto a barriga se mexia de um lado para o outro.
De cima até em baixo.
Como se quisesse participar de todas as conversas
que resolvemos não ter.
E eu podia vê-lo pela fresta debaixo da porta.
Esperando-me cair no sono.
Zelando meu sonho.
Ninando nós duas no mais absoluto silêncio.
Então, foi ele que garantiu o meu sossego.
Esgotou meus pesadelos.
Deixou-me livre com cuidado.
Por saber que com todo este peso,
jamais eu conseguiria voar.
Foi sábio, eu diria.
Na rebeldia do meu dia-dia.
Na histeria.
Teve tolerancia tamanho família.
Fez uma música para nós.
Caiu na risada quando do meu peito saiu leite.
Totalmente fora de hora.
O leite e o seu sorriso de menino.
Um beijo certeiro.
Poucas palavras fazem sentido por debaixo do cabelo.
Alguns minutos na nossa cama.
Resultam em carinho, calma e compreensão.
É por isso que eu sou dele.
Porque com ele sou feliz na maior parte do tempo.
O que não é fácil.
Nem parecia.
Para mim.

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