domingo, 10 de junho de 2012

LOS DIABITOS (reescrito)


Quero beijar sua boca, disse ele. Por que, disse ela. Porque ela é vermelha, disse ele. Mas você é meu irmão, disse ela. E daí, disse ele. É pecado, disse ela. Quem te falou, disse ele. Todo mundo, disse ela. Eu não ligo, disse ele. Tenho medo de ir pro inferno, disse ela. O inferno é caô, disse ele. Sei lá, disse ela. Ele não existe não, disse ele. Você é um bobo, disse ela. E você tem a boca bonita, disse ele. Bobão, disse ela. Sou mesmo, disse ele. Vai chover, disse ela. Vai, disse ele. E mamãe que não chega, disse ela. Pois é, disse ele. Se ela pegar a gente, disse ela. Bobagem, disse ele. Ela vai brigar, disse ela. Mamãe briga por qualquer coisa, disse ele. Verdade, disse ela. Me abraça, disse ele. Não, disse ela. Só mais uma vez, disse ele. Tá bem, disse ela. Agora me beija, disse ele. Dou um selinho, disse ela. Quero língua, disse ele. Selinho, disse ela. Língua, disse ele. Vou me levantar, disse ela. Eu não vou deixar, disse ele. Me solta, disse ela. Não, disse ele. Por favor, disse ela. Então me beija, disse ele. Só um pouquinho, disse ela. Meu amor, disse ele. Seu chato, disse ela...

 – Saiam já da minha cama, disse ELA!

Hélio Sena

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