sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Das ausências sentidas, sinto falta de mim.

Talvez naquele dia assim calado, o amor tivesse adormecido.
Tomou chá de sumiço e desapareceu de mim.
É que sinto meus sentidos se perderem,
e desde então sinto que não escrevo como costumava escrever,
não vivo do modo como deveria viver. 

Aliás, viver tem me parecido um porre, e dos brabos,
do tipo que sai cortando toda a vertente do que se pode vir a sentir.
Os dias tem me deixado ressaquiada o bastante
pra qualquer coisa que ainda me reste fazer.
Tenho dormido no máximo três ou quatro horas por noite,
tenho sonhado bem menos do que costumava sonhar.
Acordo, ligo o automático e vou trabalhar.

Vou mas torno a voltar.
Sou.
Só.
Pedaço daquilo que fui.
Um coração sem portas ou janelas, 
ninguém entra, ninguém sai.

Eu sei todo o trajeto de volta.
Talvez seja exatamente por isso que nunca volto para o mesmo lugar. 

Não vê?
Sou toda submersa num  mar azul,
na espera de algo que possa me remover. 
E nessa aguardo, tenho me guardado pra sabe-se-lá-o-quê. 
Roda a vida inteira do lado de dentro de mim.

Me sirvo de palavras que saem quentes por entre os dedos,
apesar de Dezembro ser mês avassalador de saudade e frio.

Será que o tempo ainda me prova que tem quem diga algo que possa fazer sentido,  
sem que posteriormente eu tenha que sentir muito no fim? 
Em qual parte do caminho meus olhos desaprenderam a falar a língua dos teus?
Pra onde foi toda aquela poesia? 
Pra onde foi tudo aquilo?
O que eu queria?
Dizer.

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