quinta-feira, 10 de março de 2011

...mesmo que de mim jamais tenhas partido.

Às vezes tu me habitas como ruídos a uma casa,



como marcas a um rosto que por elas se define


e te lembrar é voltar ao que há de mais meu em mim mesma,


à parte de mim mesma que me revela e me assombra.



Às vezes eu quase te esqueço,


quase te perco


e quase sou completamente triste


e quase sou completamente outra


sem a interrogação onipresente dos teus olhos,


sem a incompreensão cúmplice da tua voz.



Estás em mim e não há nada a fazer,


mesmo a meio da noite,


quando és um vazio cheio de pontas,


mesmo a meio da frase,


quando és um gole de ar no lugar do teu nome.



Tu és meu porque de ti sou feita


e negar-te a mim seria parir-me ao contrário.



Aceito assim meu ofício de habitar-me tu -


ainda que a mim nunca regresses,


mesmo que de mim jamais tenhas partido.

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