domingo, 5 de dezembro de 2010

Rotas intravenosas.


Minha figura passeia com ares de fantasma entre os sorrisos
Por alguns minutos, me coloco no lugar daquela aranha
Que leve, tem que se deixar balançar junto com sua teia
Levada, submissa ,pelo mestre vento a dançar sem som,
Sem movimentos bruscos, somente a sutil oscilação do ar
que se faz pernas, braços e música; experiente bailarino.
Ela parece só, sequer o futuro alimento se dispõe a visitar
Tornou-se terrivelmente intocável pela sua mania de silêncio
As longas pernas que mais parecem delicados filetes de rocha
Finas extensões de um corpo ainda mais fino, esguio,
tem grânulos fixos de poeira que se assemelham a gotas d'água
em ambiente ártico, cristalizadas sobre um objeto vivo.
No andar de baixo da sofisticada residência artrópode
Asas juntas ao corpo envolto neste finíssimo material
repousa uma mosca; antes tão vivaz, hoje frágil cadáver
Morta pela ingenuidade, fatalmente seduzida pela vaidosa senhora
Foi tão ternamente acolhida que provavelmente nem sentiu
o cheiro doce que a morte exala; outra dama impecável.
De baixo eu vejo com que afinco a dona do lar concentra-se em si
Tanto, que por mais tolo que possa parecer, parece meditar.
Me distraí,uma formiga caminha entre meus dedos, nos pés,
Nada busca aqui, somente segue o que se mostra um caminho
Diferente da aranha, que pacientemente dedica seu silêncio
e os carinhos que não deixa transparecer, tudo a seu par.
O gelo que havia nas linhas da teia devagar se torna a água
que tem gosto da saudade do amor que chegará no verão.

[...Sem título]

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