Quando voltares,
põe na tua voz, aquela flor azul que te ofereci.
Talvez, assim, eu julgue reencontrar-te e os olhos se encham outra vez.
Ainda tens no gesto aquele susto que se enrolava todo nos meus dedos e punha à nossa volta um colar de silêncios ardendo?
Tudo mudou, bem sei.
Naquela tília o Outono já começou; e nas tuas palavras algumas folhas devem ter caído.
Mas, se voltares, põe a flor azul, põe o passado no gesto e na voz.
Talvez, assim, eu julgue reencontrar-te e os olhos se encham.
Antônio Cabral
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