sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sou o que se chama de pessoa impulsiva.
Como descrever?
Acho que assim:
Vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio,
Ajo quase que imediatamente.
O resultado tem sido meio a meio:
Ás vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham,
Ás vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade...
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos.
E até que ponto posso controlá-los. [...]
Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente?
Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta?
E também tenho medo de tornar-me adulta demais...
Eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura.
Vou pensar no assunto.
E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso.
Não sou maduro bastante ainda...
Ou nunca serei...
Sou composta por urgências:
Minhas alegrias são intensas;
Minhas tristezas, absolutas.
Me entupo de ausências,
Me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos...


[Clarice Lispector]

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