quarta-feira, 7 de julho de 2010

Não sei o quê ...

Deixei que as gotas de água percorressem o meu corpo … incessantemente …
Deixei que o seu calor me aquecesse … sentia-me gelada … e muito cansada …
Aos poucos … o seu calor foi-se entranhando no meu corpo … e dando-me uma sensação de calma … que há muito não sentia ….
De repente … estremeci … um arrepio percorreu todo o meu corpo … como uma descarga eléctrica …
Era a tua imagem que invadia este meu pequeno sossego …
Os teus olhos … percorreram-me … devagarinho … tentando escrutinar cada pedaço do meu eu …
Fechei os olhos … violentamente … para apagar essa imagem … mas cada fragmento da minha pele … gritava pela tua …
Que frio … que angústia … que tormento …
Viro os olhos ao céu … e peço … peço a Alguém mais poderoso … que me ajude … que me ajude a esquecer-te …. que me ajude a afastar a tua presença …
Fecho a água … enrolo-me no roupão … e tento alcançar a cama …
As pernas tremem … as mãos tremem … todo o meu corpo treme … enrosco-me no edredão … mas não paro de tremer …
Quero deixar-me abandonar a este sofrimento … deixar que tanta dor me mitigue de uma só vez … e se extinga …
Eu sei que não será assim … esta dor é caprichosa ….
Esta dor … quer-me corromper devagarinho …. e de forma continua … obstinada
Esta dor … não me quer deixar tão depressa ….
Tomo uma resolução … como se a minha razão estivesse vigilante …
Quero abraçar essa dor … quero torná-la minha amiga … quero que essa dor me mostre a melhor forma de conviver com ela …
Quero saber conjugar a palavra sofrimento … em todos os tempos verbais … sim … todos … até aprender a forma passado …
Sorrio … sorrio da loucura de tal pensamento … mas mesmo sendo louco …. Não me parece despropositado … deixo que o meu corpo se acomoda à cama fria e vazia … Tenho de saber conviver com esta forma de solidão ….

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